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No filme, um dos internados no hospital diz "as pessoas normais não têm nada de especial". Não é obrigatório concluir que a minha intenção é dizer que os loucos são obrigatoriamente interessantes. Isso seria um pouco simples demais. Essa frase não toma todo o seu significado porque é dita por um louco. Nunca vi, durante as minhas pesquisas nos hospitais psiquiátricos, os pacientes como se fossem monstros, mas sim como pessoas diferentes, que contam histórias, partilham sentimentos e transmitem emoções. Foi esse aspecto humano que eu guardei para as personagens do meu filme. Disse sempre aos actores para não fazerem de loucos. Os diálogos bastavam para transmitir o que eu queria. Quando escrevo um filme, parto sempre da realidade. De seguida, começo a tomar liberdades e a ficção faz-me derivar. Sinto-me filiada num certo cinema francês em que a palavra tem uma enorme importância. Um cinema bastante dialogado, com muito trabalho sobre a escrita. Mas ainda me sinto como que marginal na família do cinema francês. Talvez por este filme ter sido tão difícil de fazer. (Leopardo Filmes)

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