A Pior Pessoa do Mundo

À primeira vista, é apenas mais um filme de relacionamento e conversação com uma conclusão como um iogurte cliché de Hollywood. Mas a primeira coisa que pensei na manhã seguinte ao acordar, e muito intensamente como se os conhecesse pessoalmente, foi NELE e NELA. E na história que eles se deram um ao outro. A cena do pôr do sol ainda me dói até hoje. Quando foi a última vez que vimos um filme de parceria tão apto e sincero? Joachim Trier é um psicólogo perspicaz, com um sentido único de desenho fino de personagens, que também consegue temperar com ideias lindas de fazer filmes - a paragem do tempo no momento de se apaixonar, ou a representação animada de um trip de cogumelos mágicos afetado pelo peso dos pensamentos atuais da vida. A excelente dupla de atores de Renate Reinsve e Anders Danielsen Lie. (17/03/2022)

Apesar do seu nome, A Pior Pessoa do Mundo é um drama romântico bondoso e conciliador sobre a procura dos caminhos da vida, de si mesmo e de tudo à volta disso. E apesar de estar inicialmente preocupado com a duração do filme, aquelas duas horas com personagens simpáticos afinal foram muito bem passadas, embora eu gostasse que a conclusão de toda a história me tivesse emocionado muito mais. [KVIFF 2021] (14/09/2021)

O filme com um prólogo, doze capítulos e um epílogo da vida de Julia de quase trinta anos, que procura o seu lugar na vida e tenta reconciliar-se consigo mesma, com as suas emoções e com as suas relações. Uma tentativa relativamente bem sucedida de uma declaração geracional, que, ao mesmo tempo, tenta abordar vários outros temas sérios, cativa com a sua direção eletrizante e humor simpático, para além das atuações naturais dos três personagens principais. O diálogo, inteligentemente escrito, por vezes é um pouco exagerado na inteligência, e a narrativa desfaz-se um pouco, não só devido à divisão em capítulos, mas também devido ao fluxo exagerado entre os temas, especialmente no final. Em resultado disso, o filme é mais forte em alguns elementos e partes muito poderosas e expressivas, tais como a que contém o brilho inocente no limite da infidelidade numa festa, a que contém a experiência de um dia com o amor da vida numa cidade temporariamente parada, ou a que contém o estado drogado de cogumelos. A comoção pretendida no final não acontece, e duas horas podem ser demasiadas devido ao ritmo lento do desvanecimento, mas ainda é tempo bem gasto e recompensador. (28/08/2021)

There's no question that The Worst Person in the World has cinematic value. At certain parts, I even felt like I was watching something so amazing that I wasn’t even sure I could fully grasp it in the moment. The deft use of music, sound, and silence was just perfect. So was the cinematography and the visuals of the film. Some of the conversations, the moments – my God – are so incredibly good and pleasantly uninhibited. The choice of actors fantastically complements the visuals I mentioned. And yet there were so many times I was wishing it was over already. I wish the chapters had gone by faster, and that they would never lose their original freshness. So they wouldn't sink into suffocation. I was literally craving even the smallest joke so I could drop the weight from my shoulders for a bit. A film in which I can see fragments of genius, but also feel an almost torturous lack of comprehension. (09/04/2022)

An interesting, skillfully made attempt at a generational film, the acceptance or rejection of which largely depends on whether you are, or consider yourself to be, part of the generation that is the subject of the director's interest. Speaking of Joachim Trier, it is of course speculation on my part, but I would bet that he put a large part of himself into the character Axel. The unfortunate Axel is the character that I relate to the most in terms of age and life attitudes, and he is also the most sympathetic character. I consider his media battle with the assertive feminist to be the most entertaining and intellectually valuable moment of the film. The pleasant Renate Reinsve plays (for me) an unpleasant Julia because she is scattered and emotionally unstable, constantly searching for herself until the final credits. She represents a growing group of people who delay important life decisions for as long as possible, mainly because life on the increasingly economically suffocating but still damn rich West seems to offer (seemingly) endless opportunities and risk-free experimentation. Few people realize that this world and the life strategies that stem from it are irreversibly ending due to the ecological crisis and the unprecedentedly rapid transfer of wealth to emerging East Asia. The variety of topics that Joachim Trier presents in his film gives every viewer a chance to find "their own thing" among them. Overall impression: 75%. (05/09/2021)