Evereste

Kormákur decidiu fazer o seu filme mais ambicioso e o mais realista possível, sem os tradicionais adornos de Hollywood e situações dramáticas induzidas artificialmente, fazendo de Everest uma reconstrução quase documental dos acontecimentos reais nos quais se inspirou. Mas sofre de demasiados caracteres - pelo menos duas dúzias a caminho até ao cume, com muitos mais à espera em baixo ou em casa. Há tantos que um grande número deles só aparece marginalmente no filme e não tem espaço suficiente para formar qualquer ligação emocional com eles, o que é uma vergonha, dado o elenco de estrelas. É filmado bem artesanalmente, mas sem invenções e ideias. Como uma declaração fatídica sobre a superação de si próprio, o poder do espírito humano e o facto de a natureza ter sempre a última palavra a dizer no final, Everest funciona. De resto, porém, é um filme sem risco para o público, no qual uma tentativa simpática de credibilidade e realismo são compensados pela falta de dramatismo e excesso de personagens. (21/11/2015)

Qualquer pessoa por quem se desenvolva simpatia vai entrar num grande problema. Essa é a única ambição dramatúrgica de Everest. Um produto de marketing IMAX que, com o seu formato grande-angular, utiliza apenas metade dum ecrã IMAX. Um argumento completamente medíocre sem um único diálogo, momento ou personagem memorável. O excelente elenco internacional não tem praticamente nada para atuar, e a personagem de Gyllenhaal, a que mais ansiávamos, recebe 3x mais tempo de ecrã do que no trailer. Os visuais são agradáveis, o cenário de Everest é autêntico. Espetaculares fotografias aéreas da travessia exposta abaixo do degrau de Hillary. A principal arma do filme é a intensidade do vendaval, que num cinema bem sonoro o fará fincar-se no seu lugar (Dolby Atmos positive). O filme louvavelmente não distorce a realidade, não faz paródia e não se deita fora pela sua própria estupidez (Limite Vertical). Mas tudo isto é também o orgulho de North Face, que não cheira duma comissão de estúdio mal-feita e, em vez disso, descreve com entusiasmo narrativo e interesse pelas personagens a subida ao Eiger suíço, historicamente mais significativa, e mais dramática no enredo (sendo um nível de montanhismo completamente diferente em termos de dificuldade do que o «andar» ao Everest). (22/09/2015)

A precise survival drama with a fantastic cast that in some cases is too good given the few lines they have. The experiential capacity of the film is substantial. In some scenes it manages to grip and amaze, not only through the mountain setting, but also with the convincingly performed suffering of the leading characters. Things get unfortunately a little chaotic after some time with them covered in jackets and hoods and with the snow falling, they all look very similar and there were moments that I wasn’t really sure who was who. But overall, a recommending thumbs up. (26/09/2015)

After a second screening (and having learned about the making of this film), I'm pretty clear: the production values of Kormákur’s film are breathtaking. Whether it's the visuals, the actual locations where it was filmed, the plethora of great special effects that are naturally incorporated into the picture so that you don't even recognize them, and behind all of that there is a subtle tribute to the guys for whom mountains are everything. We can make a comparison here with, for example, the rather dumb Vertical Limit, where the mountains are just a vehicle for stupid stunts that are a laughing stock for real climbers. Everest, in contrast, has a real believable dimension and yet it is deep and human. The fact that you may think mountaineers are weirdos with obsessive compulsive behavior who gamble with their lives is actually pretty irrelevant, petty, and just your problem. Everest can proudly stand alongside some famous French mountaineering-themed films, which are pretty good on their own, and it’s certainly the best mountaineering film Hollywood has ever produced. (19/06/2016)