Pleasure

O filme atrai-nos com sucesso através dos fascinantes bastidores da indústria pornográfica, da componente visual hardcore 18+ e do retrato deste ambiente a partir da perspetiva de uma atriz aspirante feminina, o que parece promissor e inovador e poderia mesmo convidar a discussões não triviais. No entanto, a sua essência é um cliché, uma moral demasiado explorada com uma história esquemática de uma viagem intencional ao topo em busca de uma falsa ilusão do sonho americano, na qual a protagonista sacrifica gradualmente os amigos, a sua própria dignidade e uma parte da sua personalidade para finalmente se tornar uma das que ela própria desprezava. Um filme extremamente físico, mas que não diz muito sobre os bastidores da indústria pornográfica (ao contrário, digamos, dos documentários como Rocco), porque independentemente da autenticidade dos locais e práticas retratadas, e da participação de verdadeiras personalidades pornográficas, prejudica a si próprio com uma história artificial de modelo. (24/08/2021)

Não é exatamente um tema inovador de sucesso no mundo do show business à custa de perder a sua inocência e amigos, mas colocado no cenário mais apropriado e tecnicamente filmado na perfeição. Um documentário que engana com o corpo de uma longa-metragem melhor do que as suas atrizes fingem pleasure. Vê-lo num salão cheio num festival deve ter sido um deleite, os pénis gigantes e a atmosfera pornográfica dominam a imagem logo desde o início. O filme é um guia interessante sobre como é no negócio da pornografia de Hollywood (agentes, festas, cenários de filmes e comunicação entre os cineastas), e também apresenta as suas figuras da vida real. É o mais aberto possível, sem medo de retratar completamente até mesmo os momentos mais desconfortáveis que uma jovem atriz porno pode passar, desde que ela não tenha problemas com nada. Pelo contrário, ao escalá-los, desenvolve inteligentemente a transformação da personagem principal, que vai «cada vez mais alto», apesar da sua inexperiência inicial. A sueca Sofia Kappel é uma bela encarnação do anjo louro com um apetite perverso, e a morena femme-fatale Evelyn Claire é o seu alter ego ideal, que ela admira e com quem tem a melhor cena do clímax do filme. Não quero voltar a falar de Mulholland Drive, mas David Lynch é simplesmente uma grande influência para as próximas gerações de cineastas. Aqui, ainda por cima com a sombra temática pornográfica de Estrada Perdida. Se Pleasure tecnicamente brilhante não fosse tão suecamente frio, mas possuísse a poética imersiva e a complexidade sensorial dos filmes de Lynch acima mencionados, faria com que o espetador viesse mentalmente ainda mais cedo do que fisicamente. (28/08/2022)

Se dispensarmos o ambiente escolhido, que talvez ofereça a algumas pessoas práticas inexploradas e personagens peculiares, Pleasure é na verdade um filme standart sobre uma pessoa com os cotovelos afiados e o seu caminho para o topo imaginário, onde quer chegar a todo o custo. Um tema que já vimos muitas vezes. Tudo vem sem grande surpresa e no fim não termina com nenhuma conclusão. É interessante como um olhar aos bastidores da indústria porno, mas ainda há algo que falta para se tornar uma história de cinema satisfatória. [KVIFF 2021] (22/08/2021)

This perfectly crafted festival product shields itself with phrases like “a female perspective on a male industry”, “sparks debate”, “provocatively authentic”, “contains disturbing scenes”, etc. At the same time, however, it merely serves up a morality play that says nothing new on the topic of the illusory nature of the career of a porn star. It thus engagingly but predictably maps the career trajectory of the main female protagonist, whose path to shady supposed stardom leads through ever increasing self-degradation and loss of self-worth. Paradoxically, perhaps the most interesting question that the film indirectly raises may be why porn not only uses formulas and stereotypes in its narratives, but also invokes them as an industry and meat-grinder of human bodies and identities. --- It is necessary to praise the experiential benefit of seeing Pleasure at a festival, when stepping out of the Hotel Thermal after the film and finding oneself among stylish girls in stilettos and conceited dandies around the Becherbar added a 4DX dimension to the screening. (22/08/2021)

A realistic, bold and authentic portrait of the American porn industry. A young 19-year-old Swedish girl travels alone to LA to fulfill her dream of becoming a porn star, but soon discovers that the road to the top will not be easy. From overcoming her own boundaries to battling with agents and producers and rivalries between other divas. It's a strange film, definitely one of a kind, but I was impressed. The film is very gritty in certain scenes, breaking cinematic taboos and it certainly doesn't shy away from nudity. All full frontal! I found it interesting that Mark Spiegler plays himself (he is an American talent in the lookout for up-and-coming porn actresses called the Spiegler Girls). The main character is likeable albeit naive, she acts great and is willing to do anything for fame, so some of the decisions are quite unexpected. The rawest scene from a shooting was probably the violent one, which is not very easy to watch. The film could be classified in the sexploitation subgenre and works reliably as a peek behind the curtain into the porn industry. 7/10. (14/03/2022)